segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Em Cartaz..06/12..21h. BOTINADA +++ DUBSESSIONS


UMA BOTINADA E TANTO PELO PUNK BRASILEIRO!

















































































Ele foi um dos vjs mais bacanas da MTV, na época em que o vj(vídeo jokey) precisava saber sobre música e, não, desfilar nas passarelas ou dar conselhos sobre sexo para os telespectadores da emissora. Depois, comandou um programa de música e cultura pop, na TV Cultura de São Paulo – o Musikaos. E agora, além de comandar o Gasômetro, um ótimo programa de sons alternativos, na Atlântida FM, em Florianópolis, acaba de finalizar o documentário definitivo sobre a história do movimento punk no Brasil. Todo esse currículo pertence a Gastão Moreira.

Reunindo 200 horas de material em vídeo, 77 entrevistas, 2000 imagens escaneadas, ao longo de quatro anos destinados à edição e finalização, ele deu um belo ponta pé, na verdade uma Botinada(é esse o título do documentário), para que todos possam relembrar ou conhecer mais a fundo como todo o barulho do punk rock tomou conta do país do carnaval. A tarefa já começou, literalmente, punk no processo de busca das principais fontes, segundo Gastão.

Sem “desistir do coturno”, no entanto, o diretor e produtor seguiu firme nesse registro sobre os quase 30 anos do gênero, no Brasil. E descobriu que uma dos primeiros representantes dessa facção surgiu em Belo Horizonte – a Banda do Lixo. Mesmo longe da bomba relógio que se formava em São Paulo pronta pra detonar o movimento punk e espalhar seus fragmentos cortantes por várias outras regiões, a formação mineira deixou seus dejetos no caminho.

Após a sujeira provocada pelos mineiros, que arremessavam lixo sobre o público, em seus shows, vieram as primeiras “botinadas” da paulicéia revoltada. E com seus shows na periferia, a rixa entre os punks da capital e do ABC, os programas de rádio, como o de Kid Vinil, todas as bandas que saíam dos porões e garagens, e as gravações dos primeiros discos do estilo, entre eles, a coletânea Grito Suburbano, São Paulo acabou por concentrar toda a anarquia da gênese punk brasileira.

No longo trabalho de pesquisa ele conseguiu capturar ainda imagens raríssimas e detalhes essenciais desta história, como as que mostram as primeiras apresentações dos Condutores de Cadáver, Restos de Nada e de evento antológicos, como o Festival Começo Do Fim Do Mundo, que merece um capítulo inteiro dedicado a ele. Botinada resgata berros nervosos “contra o sistema”, justamente, num momento em que “o sistema” parece estar mais podre do que nunca.



Entrevista com GASTÃO MOREIRA, diretor e produtor, do dvd e cd BOTINADA:

1) Qual foi o maior desafio, a parte mais punk de toda a produção do vídeo documentário? Reunir todo o material já produzido em vídeo sobre o assunto, produzir o novo material ou realizar as entrevistas?

G.M.>> Localizar os punks foi como participar de uma gincana repleta de pistas falsas. E recolher fotos e jornais também fez jus a uma boa novela mexicana. Estava tudo espalhado por aí.

2) Você me pediu uma força pra conseguir algum atalho que o levasse até a Banda do Lixo, que teria sido uma das primeiras do punk rock brasileiro, correto? Existe alguma ligação da Banda do Lixo, com as de São Paulo e outras regiões brasileiras. Ou foi mais um caso de “ovelha desgarrada”?

G.M.>> Acho que a banda do lixo foi uma ‘ovelha desgarrada’, mas repercutiu muito no meio punk de SP. Pena que eles nunca gravaram nada!

3) Por que você deixou, por exemplo, o capítulo sobre o punk brasiliense para os extras? É por julgar que ele foi menor ou menos importante que o todo o movimento formado em São Paulo? Passou um pouco por esse tipo de julgamento ou não?

G.M.>> Chegamos à conclusão que foi o movimento punk de SP que causou o estardalhaço. No exterior nunca chegou nada do Aborto Elétrico, mas sim Olho Seco, Inocentes. Para o resto do mundo foi o punk paulista que existiu. Brasília repercutiu depois, para o pop rock brasileiro.

4) O que mais o surpreendeu, durante todo o processo de produção(algum relato, em especial, ter conseguido alguma cena rara ou captar algo que nem sonhava conseguir)?

G.M.>> Achar aquele cólera na tv tupi, nunca exibido. Me senti o Indiana Jones.

5) Você acredita que foi mesmo a mídia (principalmente, tomando como base a série de depoimentos presente no .doc sobre aquela matéria do Fantástico), que acabou com o movimento punk, no Brasil? Afinal, o País continua produzindo todo o tipo de injustiça, desigualdade e tudo que sempre serviu como matéria-prima e fonte de inspiração para o punk rock, certo?

G.M.>> O movimento punk se retraiu , nunca acabou. E sem dúvida a mídia foi alarmista em relação aos punks e causou uma rejeição em todos setores da sociedade.


6) O que sobrou da primeira geração do punk rock brasileiro? Apenas a parte mais estética(suja, agressiva, com letras de protesto) do som ou nem isso?

G.M.>> Sobrou o mercado independente, as bandas de garagem, a insatisfação, a insubordinação e, principalmente, o ‘faça você mesmo’.

7) Você acha que a nova geração do punk rock brasileira(Blind Pigs, Forgotten Boys, Carbona, Zumbis do Espaço) já renderiam um novo documentário?

G.M.>> Acho que sim, mas eu vou partir para o heavy metal brasuca.

8) Existe algo mais punk do que ter que sobreviver no Brasil, apenas com um salário mínimo ou, em alguns casos, sem nem um salário no bolso?

G.M.>> Por isso Chico Buarque considerou o Brasil como vanguarda do punk. Miséria gera revolta e revolta é a especialidade dos punks!

9) Daria uma Botinada certeira, em alguém do Congresso, se tivesse essa chance?

G.M.>> Adoraria dar uma tortada em toda máfia congressista. Eles desperdiçam o Condão que tem nas mãos de trazer benefícios para população.



























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